Boas práticas em bibliotecas

Gabrielle Francinne de S. C. Tanus
on June 24, 2020 · 6 mins read

Apresentação do espaço boas práticas

Esse espaço visa apresentar boas práticas que estão sendo praticadas em bibliotecas por bibliotecários, bibliotecárias, bibliotecáries. É extremamente importante a sua colaboração e divulgação de suas ações, de boas práticas, no campo da Biblioteconomia. Diante disso, o envio de reportagens, notícias, relatos, ensaios, pode ser enviado para o seguinte e-mail: boaspraticasembibliotecas@gmail.com

Boas práticas em bibliotecas

As bibliotecas são instituições sociais, culturais e políticas. Possuem uma longa trajetória que remonta desde a Antiguidade, passando pela Idade Média, Idade Moderna, chegando a Idade Contemporânea, ou mesmo a uma Pós-modernidade. Em todos esses momentos as bibliotecas foram marcadas por características que as diferenciam em um tempo e espaço, por outro lado, há também uma positividade de seus saberes e práticas quer perpassam esses momentos, tendo como um fio condutor - espaços de organização, produção, preservação e disseminação dos saberes. As bibliotecas são espaços de poder, pois não há espaços de saber sem a constituição correlata de relações de poder, já dizia Michel Foucault.

Nas distintas esferas das políticas públicas, os governantes (e seus adversários) sabem bem da potência de transformação de uma biblioteca na sociedade, por meio de seus acervos e ações dos profissionais, os(as) bibliotecários(as). Decerto não podemos também falar que as bibliotecas sempre buscaram mais disseminar do que organizar, o pêndulo do acesso (do livro e para além do livro) começou a pesar com mais intensidade a partir do século XX. O acesso às informações, esta nova expressão, passou inclusive ganhar mais espaço no cenário da Biblioteconomia e da Ciência da Informação, substituindo, paulatinamente, os paradigmas do acervo, do balcão, o custodial, em prol de um paradigma pós-custodial, centrado na disseminação e em serviços, bem como delineado por Armando Silva e Fernanda Ribeiro.

Cabe salientar que esse “todos” do discurso do acesso e do direito à biblioteca, à leitura, à literatura, à escrita e ao livro, não deve continuar centrado em uma elite hegemônica que encontra mais facilmente, por inúmeros motivos, os caminhos dos registros do conhecimento. As bibliotecas do século XXI inseridas nas comunidades não devem ser dissociadas da vida comum dos sujeitos, elas devem servir como caminhos de encontros entre os sujeitos, e entre eles com os diversos recursos informacionais. São as bibliotecas contemporâneas espaços do diálogo, dos múltiplos saberes, da inclusão e da diversidade para a construção conjunta de formas de existir, resistir, reexistir, conforme Ana Lúcia Silva Souza.

Diante de tantas transformações no campo da Biblioteconomia, em especial, no território das bibliotecas, as quais são lideradas por pessoas – mediadores – que buscam fazer a diferença cotidianamente, em prol da difusão e da apropriação da informação, almejamos, com isso, uma maior visibilidade das inúmeras boas práticas que vem sendo realizadas dentro e fora do nosso país. As ações positivas sejam elas de pequeno, médio ou grande impacto social devem ser compartilhadas com a comunidade, servindo de inspiração para outras ações, bem como possibilitar o enraizamento ainda maior de afetividade e efetividade do livro e da biblioteca na sociedade.

O (re)conhecimento de ações realizadas por bibliotecários é essencial para que possamos juntos nos motivar, nos inspirar e superar as inúmeras barreiras que encontramos no trabalho, seja pela falta de equipe, de verba, de espaço, de acervos, de mobiliários, pela falta de reconhecimento da profissão pela sociedade como gostaríamos. Precisamos conhecer o que o outro faz, o que dá certo (e o que também não dá certo), ser inspiração para um outro colega de trabalho ajuda-nos a nos fortalecer e também ao campo da Biblioteconomia. Devemos olhar, inspirar, refletir e construir boas práticas, sem realizar as famosas importações e cópias de ações, produtos e serviços sem reflexão.

Precisamos nos colocar com mais intensidade como protagonistas na “história das bibliotecas”, em que as bibliotecas estejam abertas (nos múltiplos sentidos) e com bibliotecários(as) proativos, éticos, conscientes da ação política, da prática social, da parcialidade, da intencionalidade, da responsabilidade social informacional, como bem discutido pela “corrente crítica da Biblioteconomia”. Como já dizia Paulo Freire é preciso “comprometer-se” para transformar a realidade por meio da ação e reflexão. Antes desse compromisso profissional com a sociedade há o nosso compromisso enquanto sujeitos sociais e históricos inseridos na pólis. E, por mais clichê que pareça “A chave para o sucesso de sua biblioteca: é você”, David Lankes está correto.

Por fim, ao consultar no dicionário Infopédia verificamos que a expressão “boas-práticas” significa um “Conjunto das técnicas, processos, procedimentos e atividades identificados, utilizados, comprovados e reconhecidos por diversas organizações, em determinada área do saber, como sendo os melhores quanto ao mérito, eficácia e sucesso alcançados pela sua aplicação na realização de uma tarefa”. Diante disso, o compartilhamento de ações realizadas dentro e fora das bibliotecas (sejam públicas, escolares, universitárias, especializadas, especiais…) tem como objetivo demonstrar a importância de ações exitosas que fazem a diferença, ações inovadoras, ações transformadoras, reforçando e valorizando a práxis enquanto um conceito de transformação social da realidade.

Diante disso, esperamos e contamos com as participações de vocês! Valorize e torne mais visíveis as boas práticas!

Gabrielle Francinne de S. C. Tanus